O que faz um empresário vencer crises?
Os problemas que interferem no crescimento das organizações se estendem por toda a sua cadeia produtiva. Entendê-la e ter uma atitude cooperativa é essencial para aproveitar os melhores ventos.
Nos momentos de crise, é comum o empreendedor se sentir sozinho, encurralado em sua própria trincheira, buscando culpados para o fuzilamento. Não adianta bancar o kamikaze, como eram chamados os orgulhosos pilotos japoneses que espatifavam seus aviões contra os navios norte-americanos na Segunda Guerra. Sair do isolamento é uma questão de sobrevivência.
O mundo exige, hoje, atitudes mais colaborativas, dirigidas por líderes que sejam capazes de inspirar e engajar equipes para superar desafios e crescer. O empresário que passa muito tempo atrás da mesa, entre números, contas e tarefas operacionais, pode não enxergar a importância do relacionamento com todos os parceiros envolvidos com o sucesso ou fracasso de seu negócio (stakeholders), que incluem bancos, fornecedores, governo, funcionários, entre vários outros.
Entender o relacionamento de sua empresa com seus parceiros é um fator decisivo para o sucesso do seu negócio, pois pequenas e médias empresas são as mais cobradas pela dinâmica do mercado a ter uma nova postura diante da realidade que se apresenta, e a razão é simples: o seu negócio faz parte de uma cadeia produtiva, independente do seu tamanho.
A relação entre empresas, atualmente, transcende a transação comercial de compra e venda de um determinado componente ou material. Pense na relação com o seu fornecedor: vamos supor que sua empresa dependa da entrega de um componente para fabricar um equipamento. E este fornecedor, que até então sempre honrava seus compromissos, não está conseguindo realizar a entrega devido às dificuldades econômicas. Como resolver a situação? O caminho mais fácil e rápido seria trocar o fornecedor pura e simplesmente. Mas nem sempre esta é a melhor solução. Será que um novo fornecedor se adaptará facilmente? Dependendo do grau de complexidade do que ele fornece e da relação de confiança que existe entre as empresas pode se tornar um processo traumático. Geralmente o que acontece é que depois de seis meses a empresa está com um problema maior ainda. É possível pensar em uma saída diferente?
E se for a sua empresa que estiver passando por uma crise? Como enfrentá-la? Certamente não basta tomar um cafezinho com gerente do banco e lamentar a situação econômica. As chances de renegociar a dívida e obter uma nova linha de crédito em melhores condições vão ser maiores para quem tiver um planejamento detalhado para mostrar ao gerente, com indicadores confiáveis, perspectivas do fluxo de caixa e um plano de crescimento. Aí sim, o cafezinho poderá funcionar. Para isso, a empresa precisa fazer uma análise honesta (e muitas vezes dolorosa) sobre o desequilíbrio atual que está passando. O quanto é reflexo da conjuntura econômica do país? E quanto foi por decisões não planejadas e impulsivas, como comprar uma máquina em momentos mais favoráveis, sem que houvesse uma perspectiva de utilização? Se o gestor tivesse realizado uma análise de performance e possíveis ganhos de produtividade com o parque atual, o cenário seria diferente? Provavelmente sim.
Compreender claramente seu mercado de atuação, suas capacidades e ter clara uma estratégia de posicionamento ampliará as chances de fortalecimento da empresa junto aos elos que a compõem (clientes, fornecedores, colaboradores, parceiros financeiros) na difícil missão de crescimento em momentos de crise. É fundamental que cada ator envolvido mantenha a atitude cooperativa e entenda as conexões entre os vários elementos da cadeia produtiva. Afinal, o problema de uma empresa pode afetar o crescimento das demais.
Sim, é verdade que no dia a dia é muito mais difícil “enxergar fora da caixinha”. Por isso, é fundamental manter uma visão abrangente e holística do mercado, ter um plano estruturado e uma apresentação segura na hora de conversar com seus stakeholders. O entendimento do todo será melhor para uma atuação mais assertiva e saber o seu real valor junto às partes interessadas.
Por: Rodrigo Duque